Viver hoje com a ausência de informação. É possível?
Sexta-feira, 03 de Junho de 2022
“Não somos seres digitais ou pedaços de indivíduo em meio a tanta mídia”
(Côn. Manuel)
Num mundo informatizado num emaranhado de mídias, nos seus mais variados recursos, estar hoje, sem uma informação parece coisa estranha ou até mesmo quase impossível de se pensar. A sociedade vive um glamour, que em poucos minutos a pessoa ou o mundo pode ter a posse de dados assustadores aos mais satisfatórios dando, assim, prazer no viver. Diante desta realidade um belo dia deparei-me com o livro de Irineu Wilges, Cultura Religiosa – as religiões no mundo e, indagando, encontrei um pensamento muito importante, condizente com o grande best-seller de informações: “É difícil conviver e viver com a ausência de uma explicação ou resposta, hoje”. Todos gostamos de estar informados. Todavia, essa máxima tem duas vias. A que procura saber exteriormente e aquela que me é cara, a interior. Neste monte de informações como é bom saber quem sou no meio de tanta informação. Qual é minha verdade existencial. Por isso, cada um de nós precisa de um momento de verdade, mesmo que doa.
Vivenciar o que queremos oferecer ao exame de consciência, temos como único objetivo dizer que mesmo sendo difícil viver com a ausência de uma explicação ou resposta, é possível, no silêncio, celebrar a maior explicação e resposta, uma vez que este (silêncio) no húmus histórico de cada ser humano, possui as mais belas informações. Por outro lado, só o tempo permeia com inteligência e prudência a conformidade real. Sabemos que é difícil para uma família, pai e mãe, se calar diante do fato de uma gravidez inesperada, fruto de um momento mal pensado. Contudo, é bom que os pais falem dos maus amigos, chegar tarde em casa, responder, respeito e obediência. O diálogo entre pais e filhos não pode ter esta ausência. Pior ainda é calar diante das injustiças que nos assusta e sobressalta. No fundo o que falta é a manutenção de uma postura sem oscilações ou desvios, ou, por outras palavras, um equilíbrio sem pergunta ofensiva e resposta maldosa. Está faltando um diálogo sóbrio, onde os ouvidos de quem escuta, possam refletir/meditar, e dizer: valeu a pena ouvir.
Num País onde muitos estão sem rumo, a começar pelos sem religião, Deus e coração. Famílias, sociedades e comunidades, aglomeram mais porquês que soluções. Explicações e repostas diante dos programas, espetáculos e diversões, que por causa da audiência, “não estão nem aí” com quem está assistindo. Hoje, a melhor ou pior situação, nada mais mexe mais com a sensibilidade das pessoas, a não ser algo gravíssimo. Uma liberdade onde se acentua o tudo pode, alicerçando a errônea idéia que nada é pecado e que tudo pode ser feito porque os outros fazem, realmente, é difícil obter uma explicação e uma resposta. Diante deste quadro, precisamos buscar uma identidade onde a emoção, o sentimento e a afetividade sejam a voz que almeja no eu, a verdade de sua existência. Não somos seres digitais ou pedaços de indivíduo em meio a tantos milhões de pessoas. Somos sim, uma pessoa (uma vida) que merece respeito e que não se pode vender por preço algum.
Acredito que mais do que respostas e explicações está faltando a coerência, a segurança de uma verdadeira personalidade, um valorizar nosso carácter, dar brilho e vida aos nossos sentimentos e não fazer deles apenas algo que nos faz parte; frisar e dar ênfase à nossa consciência, protótipo de quem se diz ser gente; vislumbrar uma ética que fundamente valores que inspiram um novo clima atmosférico fazendo de cada um de nós uma nova primavera para evitar um embotar da moral e dar mais dinamismo à experiência da alteridade onde o outro seja a minha verdadeira explicação e, certeza da minha resposta. Pense nisso.
Côn. Dr. Manuel Quitério de Azevedo
Prof.º do Seminário de Diamantina e da PUC-MG
Membro da Academia de Letras e Artes de Diamantina - (ALAD).
Membro da Academia Marial – SP
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