13 de Novembro de 2025

Papa Francisco pede erradicar clericalismo da formação religiosa

Segunda-feira, 06 de Janeiro de 2014 Papa Francisco pede erradicar clericalismo da formação religiosa

Em seu diálogo com a União de Superiores Generais, sustentada o 29 de novembro de 2013 e publicada ontem pela Civiltà Cattolica, o Papa advertiu que a vida religiosa não é um refúgio e que o clericalismo é um dos males mais terríveis que devem ser vencidos na casas de formação e nos seminários; assim mesmo assinalou que conquanto todos somos pecadores, não se devem receber àqueles candidatos “corruptos”.

“A formação dos candidatos é fundamentais. Os pilares da formação são quatro: espiritual, intelectual, comunitário e apostólico. O fantasma que se deve combater é a imagem da vida religiosa entendida como refúgio e consolo ante um mundo ‘externo’ difícil e complexo. Os quatro pilares devem interagir desde o primeiro dia de rendimento ao noviciado, e não devem ser estruturados em seqüência. Deve ter uma interação”, afirmou.

O Santo Pai também advertiu que a cultura atual é “bem mais rica e conflitiva” do que a de anos atrás, por isso a inculturación reclama hoje uma atitude diferente.

“Por exemplo: não se resolvem os problemas simplesmente proibindo fazer isto ou aquilo. É necessário muito diálogo, muita confrontação. Para evitar os problemas, em algumas casas de formação, os jovens apertam os dentes, tratando de não cometer erros evidentes, de estar sujeitos às regras muito sorridentes, é espera de que um dia se lhes diga: ‘Bem, terminaste a formação’. Isto é hipocrisia, fruto do clericalismo, que é um dos males mais terríveis”, advertiu.

Francisco recordou que em seu encontro com os bispos de América Latina e o Caribe em julho passado chamou a “vencer esta tendência ao clericalismo, também nas casas de formação e nos seminários. Eu o resumo num conselho que uma vez recebi de um jovem: ‘se queres ir adiante, pensa claramente e fala escuramente’. Era um claro convite à hipocrisia. É necessário evitá-la a toda costa”.

Durante o diálogo, o Santo Pai também explicou que o diálogo com os jovens dever ser sincero, sério e sem medo. “É necessário considerar que a linguagem de hoje dos jovens em formação é diferente daquele de quem os precederam: vivemos uma mudança de época”.

“A formação é uma obra artesanal, não policiaca. Temos que formar o coração. De outro modo formamos pequenos monstros. E depois, estes pequenos monstros formam ao povo de Deus. Isto realmente me põe a pele de galinha”, expressou.

Nesse sentido, recordou que ao momento de formar a um religioso ou sacerdote, deve-se pensar no Povo de Deus. “É necessário formar pessoas que sejam testemunhas da ressurreição de Jesús (...). Pensemos naqueles religiosos que têm o coração ácido como o vinagre: não foram feitos para o povo. Em fim: não temos que formar administradores, senão pais, irmãos, colegas de caminho”, assinalou.

Finalmente, advertiu que “se um jovem que foi convidado a sair de um Instituto religioso por causa de problemas de formação e por motivos sérios, depois é aceitado num seminário, isto é outro grande problema. Não estou falando de pessoas que se reconhecem pecadores: todos somos pecadores, mas não todos somos corruptos. Que se aceitem aos pecadores, mas não aos corruptos”.

Nesse sentido, afirmou que a grande decisão de Benedicto XVI ao enfrentar os casos de abusos “nos devem servir de exemplo para ter a coragem de assumir a formação pessoal como um sério desafio, tendo em mente sempre ao povo de Deus”.