11 de Novembro de 2025

Papa Francisco afirma: Já não estamos atentos ao mundo em que vivemos

Quarta-feira, 10 de Julho de 2013 Papa Francisco afirma: Já não estamos atentos ao mundo em que vivemos

"Adão, onde estás?" e "Caim, onde está o teu irmão?" são as duas perguntas que Deus dirige também a todos os homens do nosso tempo. É o hábito do sofrimento do outro que alimenta a globalização da indiferença e adensa o número de “responsáveis sem nome nem rosto”. Foi duríssima a condenação do papa Francisco, ao falar de Lampedusa, no extremo sul da Europa; ma ele dirigia-se ao mundo, chamando-o às próprias responsabilidades diante do drama de quantos são obrigados a fugir da própria terra em busca de um lugar onde viver em paz e dignamente.

O Santo Padre tinha acabado de ouvir o pedido de ajuda de um grupo destes irmãos que desembarcaram em Lampedusa. E imediatamente, do altar da missa, relançou o seu brado: “Passaram pelas mãos dos traficantes... Quanto sofreram! E alguns deles nem conseguiram chegar!”.

O papa explicou que a primeira viagem do seu pontificado é precisamente para eles, para estas vítimas de uma violência inaudita. Quando, há algumas semanas, recebeu a notícia de mais uma tragédia do mar, recordou, “senti que devia vir aqui hoje para rezar, para realizar um gesto de proximidade, mas também para despertar as nossas consciências a fim de que o que aconteceu não se repita”.

O papa Francisco manifestou gratidão especial aos habitantes de Lampedusa e Linosa, às associações, aos voluntários e às forças de segurança: “Vós sois uma pequena realidade, mas ofereceis um exemplo de solidariedade”. Mas infelizmente, acrescentou, “a cultura do bem-estar leva-nos a pensar em nós mesmos, tornando-nos insensíveis aos clamores dos outros”.

Por isso, invocou o Senhor, pedindo “perdão pela indiferença em relação a tantos irmãos e irmãs; por quantos adormeceram, fechando-se no próprio bem-estar que leva à anestesia do coração, e por aqueles que, com as suas decisões a nível mundial, criaram situações que levam a estes dramas”.

L’Osservatore Romano, 09-07-2013.