Padres contam que herança familiar e descobertas levaram à vocação
Domingo, 28 de Julho de 2013
Entre os milhões de fiéis que se aglomeram nas ruas e praia de Copacabana destaca-se um grande número de padres e freiras, em sua grande maioria jovem. Para eles, a criação em famílias católicas os ajudou a optar pela vida religiosa.
O G1 entrevistou alguns deles sobre como a religião se tornou um caminho de vida e os questionou se há uma crise de vocações na Igreja Católica.
A Irmã Glória Nelsy, da Congregação das Missionárias Lauritas, é um exemplo. “Eu sou de uma família camponesa, lá na Colômbia, católica e muito religiosa por tradição e espiritualidade. E, desde criança, eu queria uma vida diferente para mim, dedicada ao serviço aos pobres. E mesmo sendo de uma família muito pobre, eu queria estar ao serviço dos mais pobres ainda.”
A caridade também é um dos caminhos que levam os jovens a ingressarem na vida religiosa. O gaúcho Frei Malone Rodrigues, da ordem dos Franciscanos Menores, conta que passou a pensar na religião como uma opção de vida ao encontrar a possibilidade de servir aos pobres.
“Eu comecei a ajudar na Pastoral da Criança. Então eu ajudei um dos freis a levar alimentos para uma família e, ali, eu encontrei o sentido da vida. Que não é só passar por aqui. Então eu comecei a acompanhar os freis, fui gostando e foi uma resposta para vida, pelo sentido de passar por aqui”, conta.
Vindo de Franca, no interior de São Paulo, Irmão Paulo Amante da Cruz, franciscano da Fraternidade Os Pobres de Jesus Cristo conta que a vida religiosa é um sonho: “Imagina encontrar dentro de um carisma onde eu possa ser sacerdote, cuidar dos pobres de rua, cuidar da Pastoral Carcerária, posso cuidar dos dependentes químicos, posso cuidar das prostitutas, posso abraçar a face do pobre, eu posso viver o evangelho. Posso fazer o que pediu Nosso Senhor no Santo evangelho. Por isso me encantou o franciscanismo.”
O seminarista Fábio Bosco conta que a vida religiosa surgiu como opção em um momento de crise pessoal. “A Igreja entrou na minha vida justamente em um momento em que eu precisava muito me encontrar com alguém e, este alguém, eu encontrei em Cristo. A partir deste momento, a minha vida começou a tomar um novo rumo e o desejo de uma entrega maior ainda ao Senhor.”
Padres divergem sobre crise vocacional na Igreja Católica (Foto: Affonso Andrade/G1)
Vida religiosa
Os religiosos entrevistados contam que não se sentem prisioneiros das regras da Igreja Católica pois optaram por seguí-las. O Padre Ademilson Aparecido, da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, em Varginha, em Minas Gerais, afirma a definição por um caminho é algo comum. “Quando você faz uma escolha de vida, escolhe algumas coisas e, por causa disso, tem que deixar outras. Eu acho que é natural, é normal.”
Frei Malone complementa falando que a vida dedicada a um ideal religioso é uma questão de decisão. “Eu tenho um voto de castidade, de pobreza e de obediência. Esta é a vida que eu escolho. Então eu compreendo e a aceito.”
O Padre Alex Oliveira de Almeida, da Paróquia de São Sebastião do Passé, na Bahia, conta que a carreira de padre exige uma reafirmação constante do que se quer. “O sim dado no dia da ordenação é renovado a cada dia. Eu estou sempre sendo chamado a dar sim de novo.”
Crise vocacional divide opiniões
A freira Maria Edilênia, das Irmãs Agostinianas, acredita que existe menos candidatos a seguir a vida religiosa na Igreja Católica. “Eu acredito que há uma crise vocacional. Mas, da mesma forma, eu acredito que há muitos religiosos, padres seminaristas que estão fixos no que é a estrutura da Igreja. O que os apóstolos transmitiram, o que é a tradição aquilo que é a fé.”
Padre Ademilson acredita que os sacerdotes não devem temer orientar os jovens na escolha de uma vida como a deles. “Se existe crise é porque nós não convidamos. Temos muitos jovens que querem abraçar a vida consagrada. Nós padres precisamos perder o medo de fazer o convite.”
O Frei Paulo nega a ideia de crise e afirma que a ordem franciscana da qual faz parte tem apenas 12 anos e, no segundo semestre deste ano, entraram mais 200 candidatos à ordenação.
Padre Alex acredita que a Jornada Mundial da Juventude, que reúne milhões de fiéis com pouca idade, é uma grande demonstração de que a Igreja Católica tem um longo futuro pela frente. Ele completa: “Cristo continua atraindo multidões com a sua palavra de vida eterna, de vida autêntica e verdadeira, que vence as ondas deste tempo moderno.”
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