12 de Novembro de 2025

As reformas que quer o Papa sobre o poder e o serviço na Igreja

Quarta-feira, 02 de Outubro de 2013 As reformas que quer o Papa sobre o poder e o serviço na Igreja

Numa entrevista publicada ontem (01/10) pelo diário italiano A Reppublica, o Papa Francisco expressou as reformas que almeja realizar durante seu pontificado no referente ao poder e ao serviço da Igreja no mundo.

O Santo Pai advertiu que “a palavra narcisismo não me agrada, indica um amor desmedido para um mesmo e isto não está bem, pode gerar danos graves não só no alma de quem o sofre senão também na relação com os outros, com a sociedade na que vive”.

“O principal problema é que os mais golpeados por isto do que em realidade é uma espécie de desordem mental são pessoas que têm muito poder. Com freqüência os chefes são narcisistas".

Interpelado por seu entrevistador, o cofundador da Reppublica, Eugenio Scalfari, sobre que “alguns chefes da Igreja o foram", Francisco disse que “sabe que penso sobre este ponto? Os chefes da Igreja com freqüência foram narcisistas, vaidosos e equívocamente estimulados por seus cortesanos. A corte é a lepra do papado".

A seguir, o Papa explicou que a Curia não é a corte do papado, ainda que nela “tenha quiçá cortesanos”.

A Curia vaticana, disse, “em sua complexidade, é algo diferente. É a que a efeitos gere os serviços que servem à Santa Sede. Mas tem um defeito: é Vaticano-central. Vê e cuida dos interesses do Vaticano, que seguem sendo, em grande parte, interesses temporários”.

“Esta visão centrada em ao Vaticano descuida o mundo que nos rodeia. Eu não compartilho este ponto de vista e farei o que possa para mudá-lo".

O Santo Pai indicou que “a Igreja é ou deve voltar a ser a comunidade do povo de Deus e os presbíteros, os sacerdotes, os bispos preocupados pelas almas, ao serviço do povo de Deus”.

“A Igreja é isto, uma palavra não surpreendentemente diferente da Santa Sede que tem seu próprio papel importante, mas que deve estar ao serviço da Igreja".

Francisco assegurou que “eu não teria podido ter a plena fé em Deus e em Seu Filho se não me tivesse formado na Igreja e tive sorte de encontrar-me, em Argentina, numa comunidade sem a qual eu não teria tomado consciência de mim mesmo e de minha fé".

Reconhecendo que “não sou Francisco de Assis e não tenho sua força e sua santidade”, o Santo Pai recordou que sua primeira decisão em seu pontificado foi “nomear um grupo de oito cardeais para que sejam meus conselheiros. Não cortesanos, senão pessoas sábias e animadas por meus mesmos sentimentos”.
“Leste é o início dessa Igreja não só vertical senão horizontal”.

O Papa remarcou ademais durante a entrevista do que “a Igreja não se meterá em política”.

Francisco também se referiu ao número de cristãos no mundo, assinalados por seu entrevistador como “uma minoria”.

“O fomos sempre, mas o tema hoje não é esse”, disse Francisco.

“Pessoalmente, penso que ser uma minoria é inclusive uma força. Devemos ser um fermento de vida e de amor, e o fermento é uma quantidade infinitamente menor do que a massa das frutas, flores e árvores que surgem do fermento”.

O Papa assinalou que “me parece que disse antes que nosso objetivo não é fazer proselitismo, senão escutar às necessidades, desejos, desilusões, desesperos, esperança”.

“Devemos restaurar a esperança nos jovens, ajudar aos velhos, abrir-nos ao futuro, difundir o amor. Pobre entre os pobres. Devemos incluir aos excluídos e pregar a paz”.

Francisco assinalou que o Concílio “Vaticano II, inspirado pelo Papa Juan e Pablo VI, decidiu olhar a um futuro com espírito moderno e aberto à cultura moderna”.

“Os Pais Conciliares sabiam que se abrir à cultura moderna significava o ecumenismo religioso e o diálogo com os não crentes. Depois se fez muito pouco nessa direção. Eu tenho a humildade e ambição para querê-lo fazer”, assegurou.