Aborto: Nossa resposta é um sim decidido e sem vacilações à vida, disse o Papa Francisco
Sábado, 21 de Setembro de 2013
O Papa Francisco reiterou esta manhã sua clara postura ante a "cultura do descarte" do aborto, que procura a eliminação dos seres humanos mais débeis, e disse que "nossa resposta a esta mentalidade é um ‘sim’ decidido e sem vacilações à vida" que é sempre sagrada e inviolável.
EWTN Notícias apresenta uma tradução do discurso íntegro pronunciado em italiano esta manhã pelo Pontífice ante os ginecologistas católicos participantes do encontro promovido pela Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos.
Este discurso cobra maior importância depois de do que alguns meios seculares manipulassem uma extensa entrevista feita ao Papa e publicada ontem, tentando apresentar ao Santo Pai como oposto à luta pró-vida e pró-família.
Discurso do Papa Francisco:
"Lhes peço perdão pela tardança, porque hoje… esta manhã foi muito complicada pelas audiências. Peço-lhes desculpas.
1. A primeira reflexão que quisesse compartilhar com vocês é esta: assistimos hoje a uma situação paradóxica, que tem que ver com a profissão médica. De uma parte constatamos –e damos graças a Deus– os progressos da medicina, graças ao trabalho de cientistas que, com paixão e sem descanso, dedicam-se à investigação de novas curas. No entanto e de outra parte, vemos também o perigo de que o médico esqueça sua própria identidade de servidor da vida. A desorientação cultural atacou também algo que parecia um âmbito inatacável, ¡o vosso, a medicina! Por sua natureza ao serviço da vida, as profissões sanitárias são induzidas as vezes a desrespeitar a vida mesma.
Em vez disso, como nos recorda a Encíclica Caritas in veritate ‘a abertura à vida está no centro do verdadeiro desenvolvimento. Quando uma sociedade se encaminha para a negação e a supressão da vida, acaba por não encontrar a motivação e a energia necessária para esforçar-se no serviço do verdadeiro bem do homem. Se se perde a sensibilidade pessoal e social para acolher uma nova vida, também se murcham outras formas de acolhida proveitosas para a vida social. A acolhida da vida forja as energias morais e capacita para a ajuda recíproca’ (n. 28).
A situação paradóxica se vê no fato de que, enquanto se atribuem à pessoa novos direitos, as vezes supostos direitos, não sempre se tutela a vida como valor primário e direito primordial de cada homem. O fim último do atuar médico é sempre a defesa e a promoção da vida.
2. O segundo ponto: neste contexto contraditório, a Igreja faz um chamado às consciências, às consciências de todos os profissionais e voluntários da previdência, de maneira particular de vocês os ginecologistas, chamados a colaborar no nascimento de novas vidas humanas. A vossa é uma singular vocação e missão, que precisa de estudo, de consciência e de humanidade. Num tempo, as mulheres que ajudavam ao parto eram telefonemas ‘comadres’: como uma mãe com a outra, com a verdadeira mãe. Vocês também são ‘comadres’ e ‘compadres’, também vocês.
Uma difundida mentalidade do útil, da ‘cultura do descarte’, que hoje escraviza os corações e as inteligências de tantos, tem um altíssimo custo: exige eliminar seres humanos, sobretudo se física ou socialmente são mais débeis. Nossa resposta a esta mentalidade é um ‘sim’ decidido e sem vacilações à vida. ‘O primeiro direito de uma pessoa humana é sua vida. Ela tem outros bens e alguns deles são mais preciosos; mas aquele é o fundamental, condição para todos os demais’ (Congregação para a Doutrina da Fé. Declaração sobre o aborto provocado, 18 de novembro de 1974, 11).
As coisas têm um preço e se podem vender, mas as pessoas têm uma dignidade, valem mais do que as coisas e não têm preço. Muitas vezes nos encontramos ante situações onde vemos que o que menos custa é a vida. Por isto o atendimento à vida humana em sua totalidade se converteu nos últimos tempos numa verdadeira prioridade do Magistério da Igreja, particularmente àquela mayormente indefesa, isto é os que têm incapacidade, os enfermos, o nascituro, o menino, o ancião, que é a vida mais indefesa.
No ser humano frágil cada um de nós está convidado a reconhecer o rosto do Senhor, que em sua carne humana experimentou a indiferença e a solidão à que com freqüência condenamos aos mais pobres, já seja em países em via de desenvolvimento, já seja nas sociedades mais pudientes.
Todo menino não nascido, mas condenado injustamente a ser abortado, tem o rosto de Jesucristo, tem o rosto do Senhor, que antes inclusive de nascer e depois mal nascido experimentou a rejeição do mundo. E tudo ancião e –¡falei do menino: passemos aos anciãos, outro ponto!– E tudo ancião inclusive se está enfermo ou ao final de seus dias, porta em si o rosto de Cristo. ¡Não se podem descartar, como nos propõe a ‘cultura do descarte’! ¡Não se podem descartar!
3. O terceiro aspecto é um mandato: sejam depoimento e difusores desta ‘cultura da vida’. Vosso ser católicos comporta uma maior responsabilidade: primeiro que nada para vocês mesmos, pelo esforço de coerência com a vocação cristã, e depois para a cultura contemporânea, para contribuir a reconhecer na vida humana a dimensão transcendente, a impronta da faz criadora de Deus, desde o primeiro instante da concepção.
E isto é um esforço de nova evangelização que exige com freqüência ir contracorrente, o pagamento em pessoa. O Senhor conta também com vocês para difundir o ‘Evangelho da vida’.
Nesta perspectiva, os departamentos hospitalares de ginecologia são lugares privilegiados de depoimento e de evangelização, porque ali onde a Igreja se faz ‘veículo da presença de Deus’ vivente, converte-se ao mesmo tempo em ‘instrumento de uma verdadeira humanização do homem e do mundo’ (Congregação para a Doutrina da Fé, Nota doutrinal sobre alguns aspectos da evangelização, 9).
Madurando a consciência de que ao centro da atividade médica e assistencial está a pessoa humana na condição de fragilidade, a estrutura sanitária se converte em ‘lugar em onde a relação de cura não é ofício, senão uma missão; onde a caridade do Bom Samaritano é a primeira cátedra; e o rosto do homem sufriente, o Rosto mesmo de Cristo’ (Benedicto XVI, Discurso à Universidade Católica do Sacro Cuore de Roma, 3 de maio de 2012).
Queridos amigos médicos, vocês são chamados a ocupar-se da vida humana em sua fase inicial, recordem a todos, com fatos e palavras, que esta é sempre, em todas suas fases e todas as idades, sagrada e sempre de qualidade. ¡E não por um discurso de fé –não, não– senão de razão, de ciência! Não existe uma vida humana mais sagrada do que outra, como não existe uma vida humana qualitativamente mais significativa do que outra. A credibilidade de um sistema sanitário não é medida só para a eficiência, senão sobretudo para o atendimento e o amor para as pessoas, cuja vida sempre é sagrada e inviolável.
Nunca deixem de rezar ao Senhor e a Virgem María para ter a força de cumprir bem vosso trabalho e dar depoimento com coragem. ¡Com coragem! –hoje se precisa coragem– o ‘Evangelho da vida’. Muito obrigado".
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